quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Capitalistarei

Eu permaneci ali, naquele canto, nas últimas semanas, imaginando coisas e coagindo minhas vontades
A grama molhada alcançando meus pés, abraçando minha auto-estima e quebrando paradigmas
"Mate-a! Mate-a!"
Foram as únicas palavras frescas em minha mente, ao lembrar daqueles olhos sorrindo, aquela boca repleta de sangue gritando palavras de desprezo, antes da pólvora queimar todas as minhas lembranças e alimentar a dor que eu tanto pedia.

Você se esvaiu, vagarosamente, enquanto o chão vinha de encontro à minha face
Um futuro promissor, ali, caído, em prantos, gargalhando pela desistência de outrem.
A fraqueza demonstrada nesse ambiente asfixiante e venenoso rasga minha pele, fazendo-me incapaz de suturar minha alma, novamente.
Nada sobra, nada resta, nada sobrevive, tamanha satisfação de estar face à face com a morte. tudo é sorte, reflexão e dor nesta gaiola de pessoas esquartejadas.

Lhe demonstro aqui, caro leitor, o desprazer de sentir o amor.
Tentei separar os lábios e sorrir, mas o fogo fazia cessar meus batimentos
Em um último impulso de dor, abri meu peito e vi meu interior despencar pelo reflexo da lâmina pontiaguda

Pretendo sucumbir aqui, sentado ao ar livre. ser esquecido, assim como todos sentados ao meu redor, banhados à sangue, impurezas e suor

Espero ouvir um último solo de baixo, e acompanhá-lo com minha voz desafinada
Deixar a demência dominar meu último suspiro, jogado junto aos mortos, à beira da calçada.

- Rodrigo Neves

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Insaciável

Nenhum número, drogas ou ligações
A vitrine destrói e corrompe meu ser
A fórmula perfeita criada em uma pasta destruidora de lares
O sangue escorre pelas narinas, a vida flui, o sangue seca, nada resta

Lágrimas, algumas velas e um choro inconsolável
Ali estava eu, deitado, com duas opções não tão palpáveis
A fome de carne crua abraçava meu último suspiro horas atrás, e cá estou, agora, morto.
Caído, sem ao menos ter dito o quanto te odeio, vida.

As velas se apagam, o sol se põe, todos se vão
A escuridão revoga o que prometi 
O fim chega. adeus! desgraça alheia.

- Rodrigo Neves