segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Sucumbir

Malditos hipócritas, celebram algo inexistente e sem coesão alguma.
Desejo carne podre e bebidas vencidas para condizer com a falsidade de cada um presente.
Não sairei da cama, ao menos não pretendo.
Vejo a necessidade de fumaça densa e chamas, destruindo e dilacerando o espírito vago.
Natal, aniversário, ano novo, datas tão fúteis e ridículas, ao meu ver.
Odeio o mês de dezembro, odeio minha vida, e por segundos, finjo um sorriso no rosto, e tento anexar um passado distante em meu semblante.
Não vejo felicidade, muito menos a necessidade da mesma. Quero um fim, espero que esteja próximo e que não venha vagarosa, mas sim dolorosamente.
Salvem-se, corram para longe, tentem salvar os resquícios ridículos de vida e falsidade, que os sucumbem em um mar de desilusão.
Desejo a morte, uma garrafa pela metade, embriaguez, sono, solidão.

- Rodrigo Neves

domingo, 23 de dezembro de 2012

Dois Mil e Doze

Procurei em mim uma força absurda, tentei não sucumbir aos fatos, não chorar as mágoas perante terceiros. Corri durante horas, em círculos, neste bairro vazio, onde ninguém exige, conhece ou vive.
Desvendei mistérios demais pra uma vida tão curta, chorei sentenças e fatos nada arbitrários, sorri por motivos vagos e morri em cada sugestão
Busquei-me em cada esquina, arriscando-me a cada passo, com medo do resultado.
A sequência de fatos, caro leitor, é de profunda depressão, em meio aos sorrisos amarelados que esvaem-se de mim.
Nada importa, nada satisfaz ou cobre os vazios de tua mente, tua necessidade de sorrir mais que a mim é repugnante e corta-me os pulsos a cada abertura singela de tua boca.
Rasgue minha carne, use meus restos como lhe soar melhor. Ria da minha face, e chore ao anoitecer, com as lembranças mais pútridas, tais como, eu lhe prometer assistir cada pôr-do-sol à beira da praia.
Quebre as correntes e desate os nós, me odeie e elogie-me, subitamente, falsamente, hipocritamente, em cada encontro. E que cada desencontro seja de extremo fervor, porque odiar, é parte constante do meu novo ser, aquele que você ajudou a ser criado.

- Rodrigo Neves

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Estima

Sinto-me revigorado. 
A aparição de algo tão substancial, como o amor, algo deveras laborioso e até dias atrás quase abdicado de mim, por mim mesmo, faz-me esquivar ao sofrimento, talhando em mim expectativas, não antes conjecturadas. Cada troca de olhares, a vivacidade dos abraços subtraídos e nossos corpos quentes, em um tributo a Afrodite, aduzem-me a paz, fazendo-me escravo teu, amor.
Cria-me em Platão, faz-me gozar da vida como em um ritual de prazer e auto-destruição, conjugados.
Não ouse fugir, não ouse tentar omitir teus sentimentos, pois deles, faço-me vida, e em cada partida, instrua-me à força, em um caminho indolor, de pedras preciosas. Seja minha amante, o perfume que corre pelos meus órgãos, a semente que me planta ao ventre. Seja minha, seja tudo, faça-me vivo.

- Rodrigo Neves

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Pó e Cinzas

Enrolei o papel sujo e úmido, o introduzi em minha narina esquerda, segui os rastros deixados pelos demônios mais infames, em cima daquela mesa.
Em questão de segundos, minha visão tornou-se abstrata, obtive uma cura rápida e indolor para meus problemas. Escondido ali, afoito, com medo dos passos e das vozes, com meu reflexo pálido, no chão reluzente e bem encerado, eu tremia.
Onde está você, irmão? Preciso de ti.
Continuo esperando aqui, encaixotado dentro de meus maiores medos, trancafiado em uma jaula repleta de sofrimento e sangue. Salve-me! eu lhe peço com fervor, encarecidamente, aos prantos, salve-me!  Antes que seja tarde demais, antes que a pele branca torne-se apenas carne putrefata.
Salve-me!
Eu caí, mas esperarei ansiosamente aqui, dentro desta vala suja e repleta de corpos, pela tua ajuda.
Salve-me! Meu irmão.

- Rodrigo Neves

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Devaneio

Não! Não pretendo alcançar a morte, menos ainda esquecimento. Almejarei apenas sabedoria e desprezo.
Tua voz trêmula e teus argumentos de faixada não me convencem mais! Porra! Desisto de tentar entender o contexto, muito menos irei vivê-lo na busca de um final feliz.
Enquanto esta noite, em algum campo arborizado, você desfila, em seu vestido de gala, esbanjando graça, escondendo suas fraquezas e fugindo de si mesma, eu continuo andando pela casa e tomando doses cavalares de café.
Desejo-lhe comemorações, uma garrafa de champanhe cara, morta pela metade, um novo amor e um sorriso espontâneo. Pretendo permanecer estático perante tal conto infantil, denominado amor.
Desejo que teu tormento continue maquiado, fingindo ter e ser, mas sofrer, ao rodear diversas vezes o espelho ao me procurar, e ver que parti.
Fugiu
Esqueceu, Esvaiu-se e se perdeu em uma bolha de orgulho.
Seu rosto, em minhas lembranças, já não me serve de consolo, serve-me de inspiração para tramar mais uma batalha odiosa e repugnante dentro de meus pensamentos, enquanto o sangue fresco preenche os recipientes, cautelosamente, colocados sobre a mesa.
Desejo-te longe, afasta-te de mim, por obséquio, preciso reaprender a odiar.

- Rodrigo Neves

Rabiscos

E quando ouvirdes de minha boca, palavras que soam suaves, mas ecoam firme e incessantemente por teus ouvidos, seja cautelosa.
Tenha medo dos meus olhares vagos, e mais medo ainda quando eu lhe olhar fixamente, por horas, matando teu livre arbítrio apenas utilizando-me de minha existência. Não cederei mais aos teus caprichos, muito menos a tua carne. Nossos pecados, antes vangloriados, serão motivo de minha decadência, e tua feição ridícula e doce, servirão-me de assombro.

Ódio, atitudes duvidosas e decepcionantes.
Ópio, há de me livrar completamente da tua não-afeição, programada em versos.
Ócio, aproximação do descaso, insatisfação ao lembrar como contemplava-me com tuas palavras de incentivo.
Ósmio, nossas moléculas foram dizimadas ao longo do processo.
Ósseo, minha carne se desfaz, em meio a espera, por dimensões não tão aleatórias e sem nexo.

Cabisbaixo, retraído.
Sinto-me incapaz, totalmente traído.
O desejo de algo e, ou, um alguém, torna-se mais uma frase em meio a tantas perdidas em minhas anotações. Pudestes fazer tal gentileza ao denegrir e ferir-me perante o espelho. Tenha dignidade, traga-me um corretivo, hei de mudar o traçado das linhas.

- Rodrigo Neves

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Parabéns!

Decisões
Distância
Realizações, não tão palpáveis
Destruição em questão de segundos
Eu, a brisa do mar, uma garrafa de whisky e meus remédios.
Indolor, limpo, surreal.
Mais uma parabenização falsa vem, e com ela, novamente, a vontade de morrer.

- Rodrigo Neves

Vegetal

Meus olhos queimam
Meu rosto quente, sintoma de febre
Dor!
Sinto você distante, mais que as fronteiras do corpo, te sinto longe em pensamento
Onde está você quando mais preciso de ti?
Mas, garota, quando entrastes no ônibus deixou cair essa receita, que me servirá de afago em meio aos cães que ladram em minha mente incessantemente:

"hidroximetilpropilcelulose, polietilenoglicol, crospovidona, dióxido de silídio coloidal, estearato de magnésio"

Em meio a multidão de novos rostos, posicionados cautelosamente dentro deste ônibus, espero que não lembre do meu semblante
Espero que não tenha esperança alguma, que não deseje me ver mais
Que sinta ódio, raiva, repulsa!
Me rasgue com tuas palavras, fiel!
Destrua-me com teus beijos amargos
Queime-me com teu corpo ardente
E após algumas horas, acaricie-me com a lâmina da faca que carregastes até aqui
Diminuirá minha dor
Acabará com teus receios
Destruirá algo perigoso e escondido dentro de mim
Algo que me intimida e me envolve em medo.
A minha vontade de viver.

- Rodrigo Neves

Funeral

Dê-me uma chance
Farei do teu pedido uma ordem
Transformarei teu fardo, deveras pesado, em algo leve, sem cor e sem reações
Me transformarei em tempo, perdido, que se esvai como borboletas na imensidão do céu
Farei do teu pedido minha realidade
Farei da tua vida a minha morte

Não lhe apontarei arma alguma, pois a mesma já está engatilhada há anos e voltada para meus miolos
E os jogos da madrugada, entre soluços e sangue, tiram-me o sono
Atirarei agora ou depois? Pescoço, peito ou cabeça?
Devo realmente tirar algo tão precioso em segundos tão vagos?
Traga-me uma faca, pontiaguda, bem afiada, quero que cada palavra dita forme uma letra
E em meio a tantas tragédias, só lhe deixo um único recado, formado com cada letra escrita em minha pele branca e surrada:

"Fostes a imensidão do meu querer
O desejo mais profundo de vida
O suspiro que me afogou, neste mar de rosas, compradas pra você.
Deseja-me e me trai, assim como fiz, tempos atrás, naquele sofá frio
Um hino de perdão ressoará pela imensidão vazia do teu quarto, quando pensar em mim
Uma lembrança vaga do mar não lhe servirá de consolo, quando sentir meu toque
Em distância, chorará cada noite por ter me perdido
Mas eis que, farei passo a passo o teu desejo, trazendo teu orgulho acima de minha cabeça."

Um último adeus não servirá de consolo para mim,
Mas meu terno de gala, acompanhado da realeza, com tantas flores coloridas e um coro de sofrimento, te fará lembrar, pela eternidade, o quanto te amei.

- Rodrigo Neves

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Tarde demais

Parabéns!
Com teu talento, em meio a estes lençóis de seda, conseguiu me destruir novamente
Interrompeu todo o ciclo a ser criado, e ajudou minha decepção a se tornar ácido em meus pulmões
Minha tosse não cessa, meus olhos não cerram, corre cocaína em minhas veias

Escrevo sem parar, palavras sem sentido, frases sem conclusão
Subo a escadaria, apreciando cada detalhe entalhado no corrimão
Eis que chego ao vigésimo andar, sinto a brisa do mar me tocando, meu corpo transpirando, não apenas suor, mas transpirando vontade de pular
Todos meus investimentos empregados pra chegar até aqui
Cinco minutos de reflexão, um cigarro queimando levemente a ponta dos meus dedos
Várias opções e a dificuldade, a falta de reação, o desejo de expectativa.

Respiro fundo, dou um último trago...

...Dou meia volta e sigo caminhando pelo mundo, sem rumo, sem sentido
Cada vez mais ferido, por ter visto teu olhar no reflexo do sol tocando o oceano
Amarei e odiarei, cada dia mais, o teu sorriso

- Rodrigo Neves

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Jogo de palavras

O descompromisso me ataca
Tusso sangue
A disritmia corre cada veia, fazendo com que eu me jogue ao chão de tanta dor
As lágrimas me acompanharam por essas 12 quadras
Doze! Somente doze quadras matando-me lentamente
A culpa, a falta, o medo, a saudade, o sangue correndo pelas curvas dos meus lábios.

Queria ter lhe dado esse anel antes de morrer, amor
Queria ter lhe abraçado com mais força durante o trabalho, amigo
Queria simplesmente ter feito tudo certo, pra que o fim não fosse algo categórico aos teus olhos.

Sinto pena
Sinto dor
Sinto tudo
Sinto nada
Sinto
Não sinto
Esquina
Saudade
Tristeza

Jogos de palavras que correm meus pensamentos, como em um último pedido de misericórdia, enquanto peço-lhe pra abrir meus olhos
Não quero despedir-me, mas devo, agora, por uma última vez
Só não esqueça de todas as vezes que eu disse "eu te amo"

- Rodrigo Neves

domingo, 9 de dezembro de 2012

Proporção

A normalidade escassa foge do véu, rasgado pela luz
Tuas palavras vãs servem-me como uma faca, acariciando meu rosto com sua lâmina
Com pesar que digo cada palavra, repetidamente, olhando nos teus olhos.
Minha vontade já não é mais a mesma, e o fato de segurar o choro, em meio a meus sorrisos amargos, mata-me por inteiro
Onde está, doce menina? Fostes embora sem ao menos dar-me o beijo tão esperado por semanas
Deixou o acaso dominar nossas coincidências, e a extensão dos tecidos mudar sua opinião.

Sinto-me traído pela minha própria face, sem valor, ao deparar-me com meu semblante semi-morto ao espelho.
A proporção de um fim foi maior que a esperança de um final feliz, e hoje, mato meus anseios, sem pudor e sem medo
Deixe-me aqui, prefiro morrer lentamente, e não receber uma lágrima sequer de troco
Jogue-me a solidão, sei que ela cuidará bem de mim, enquanto apodreço ali, sentado naquela esquina, esperando você voltar.

- Rodrigo Neves

domingo, 2 de dezembro de 2012

Não há perdão

Tivestes tempo de abraçar
Tivestes tempo de viver, de correr, brincar, beijar, sorrir, sofrer, amar.
Desperdiçastes o mesmo ao relento
Ao som de uma batida inexistente do teu coração, que por fim, tornou-se nódulo corrosivo ao teu semblante.
Fostes traída por teu próprio orgulho, por tua própria indecisão.
Levastes contigo a pior parte de mim. Meus anseios e minha frieza serão parte profunda da tua injúria, e serás infeliz, quem sabe, assim como eu.
Desejo-te sorte e muitos corações partidos pelo caminho, serás aprendiz, da arte que me queimou um dia, obtentora de inveja e soluços desperdiçados neste mar de solidão.
Sejamos realistas, a vida é uma viagem ridícula, sem destino traçado, eis que nós criamos, em nossa mente, uma realidade alternativa. Realidade escrota! Sem meias palavras e sem um aperto de mão de outrem, parabenizando nossas vitórias, no entanto, as derrotas servirão em investimento, pra uma vida mais curta.

- Rodrigo Neves

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Pare de pulsar, Coração infiel

A fumaça branca que esconde teus olhos, desvenda os mistérios por detrás das cortinas, os sintomas ferventes de tua depressão, levam-me ao delírio. Te suplico, perceba!

Levar-me-ei à distância, previda de certa quantia de desapego, compreensão e fé, por mais que o medo me acompanhe em cada nova trajetória, seja ela em busca de algo maior, ou pelos simples fatos corriqueiros.

O maior desejo existente em mim, no momento, é perder-me à mim, encontrar-te neste dia nublado, cheio de nuances e ambiente estático.
Quero teu sabor de novo, garota do ponto de ônibus. Quero teu afago, tuas memórias, tua dedicação, quem sabe até teu amor. Não que eu não possa crer que consigas me amar em meio às imperfeições, mas o silêncio obtido em meio a tal contexto, faz-me acreditar que amo sozinho.

Teus problemas são meus, adotados, proibidos, até mesmo assumidos por mim, para que não haja necessidade de vê-la chorar ou ausentar-se.
Sinto tua falta! Isso machuca, corrói cada centímetro fiel do meu corpo.
Semanas atrás, duas quadras antes, ali estava eu, entre o peso dos fatos e dos erros cometidos por nós dois, mas hoje, cá estou, descrevendo meu desespero, gritando minha simples existência, pois tudo que quero é ser notado, ser amado por você.

- Rodrigo Neves

Anamnese

Mestra da indelicadeza
Dona de meus suspiros mais profundos.
Dedico a ti este momento de compreensão.
Ao simples atrito e às chamas que se mostram, seguidas de fumaça e um resquício de morte, em um ritual prazeroso e delongado.

Demoram as horas a chegar, ou o simples fato de viver torna-me ridículo aos olhos do tic-tac do relógio? O dono do tempo não pára, e traz consigo suas raízes subitamente 
implantadas em nossos afazeres.
Torno-me Julgável ao acaso, por mim, perante mim, para mim.
Insatisfação ao fugir dos fatos por mais um dia, dia de retenção, de fissuras.
Dia que nasce e morre nos teus sorrisos, e minhas lembranças maltratam meu querer, trazendo-me apenas mais um copo de dor.
Enfim, mais um dia infeliz.

-Rodrigo Neves

Repetição


Nas extremidades do teu corpo perco o nexo habitante em meus pensamentos.
Faço-me mais sentimento que carne, mesmo aqui, vendado, esperando teu cheiro à beira da cama, despindo-me vagarosamente.

Santo deleite estar emaranhado em tuas pernas e arrancar suspiros em cada movimento.

Perfeição é como descrevo teus sorrisos rolando nos meus, tua boca queimando minha pele branca, e nosso beijo se enrolando em prazeres comparados à união de estados da água.

Amar você é magia, é matéria, é a união dos elementos e a síntese dos resultados devoradas por pensamentos subjugados por nós dois.

Descrever-te é demonstrar em palavras, quão suave poderia ser uma apresentação de ballet, ou os mais lindos solos de blues, ou quem sabe até descrever anatomia, e junto à mesma, descrever este órgão que pulsava dentro de mim, mas que hoje morre em tuas mãos.

- Rodrigo Neves

Cianeto e Solos de Violino

Estudos, problemas, fórmulas, resoluções.
Deveriam existir tais entrelinhas em nosso caminhar?
Há algo de mais interessante logo afrente, ou terei de tomar mais uma dose de cianeto, aguardando ansiosamente o fim da existência medíocre do meu ser?
Já não sei mais se trato-me como um mero filósofo, novato por sinal, ou como um palhaço, daqueles maquiados, de picadeiro.
A persistência em errar jogou-nos em um vórtice sem fim, destruindo toda e qualquer forma de entendimento entre nossas ideologias, tempos interessantes, n'outros ridículas.
Sentir-me-ia mais feliz ao encontrar-te naquele mesmo local, com aquela mesma roupa do trabalho, de segunda a segunda, debaixo da chuva ou do sol ardente.
Mesmo com tanta igualdade, trazer-me diferente, para a vida, para a nova partida, os novos destinos e o novo caminhar.
Procuro-me mais maduro, ansiando-te nas propostas duradouras de um entardecer de domingo.
Calando cada um de teus problemas, deixando-te livre pra respirar em meus braços.

Meu pescoço ainda busca pelo teu, e minhas mãos, ao dormir, procuram entrelaçar teu dorso, encontrando teus batimentos.
Lembra quando levei tua mão de encontro ao meu coração? sinto-me assim novamente, mas não em felicidade, mas em tristeza tão profunda que marca meus olhos ao não dormir, minha mente ao não esquecer, minha história ao querer e não poder.
Reserve-me um coração, quando voltar àquela loja de penhores, peço-lhe encarecidamente!

Tão ardente o simples toque, que leva-me a loucura, trazendo efeitos alucinógenos e destrutivos à tona.
Obra de um simples talvez, ou há explicações determinadas pela metafísica?
Transcendente era sentir teu toque atravessando meus ossos e me queimando em prazer, mais difícil ainda pra assimilar, sentindo-me um objeto obsoleto, jogado junto às bonecas ou revistas em quadrinhos.

Que passe essa sensação de uma vez. 
Abstrair-me-ei dos detalhes, quem sabe assim, vendado, serei feliz perante mim mesmo.
Pare de bater, coração estúpido, já não há motivo, dúvidas ou certezas indubitáveis a serem seguidas. Nada além de crer no fim da existência humana.

- Rodrigo Neves

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Vazio


Difícil não me apaixonar por este anjo, de asas tortas e pensamento vago.
Difícil não ceder e acabar morto por tal doçura infernal.
Prossegui sem meus medos, dei meu maior impulso, e sem medo da altura, muito menos da queda, atirei-me ao céu.
O infinito de sensações rasgando minha pele e transformando-me em luz, o brilho das estrelas refletindo meus maiores desejos em cada pedaço de terra que eu pudesse notar.
Teu rosto, obra divina. Tuas mãos, perdição à minha pele. Teu corpo, morada do meu ser.
Escapastes dentre meus dedos por uma ou duas investidas, deixando-me atordoado neste mar de nuvens escuras.
Onde estão tuas mãos segurando meu peito, teu amor acariciando meu anseio, tua voz diminuindo as batidas do meu coração?
Todo o ódio e solidão correntes em meu organismo cederam, tornando-me som.
Viajei por décadas, séculos, talvez até milênios, em apenas dois segundos.
Deixaste-me aqui, preso nas ferragens, fruto da devastação de minha viagem ao teu encontro.
Arritmia, náuseas, inconsciência.

Ao estalar dos dedos daquela mão, ao acender da lanterna de outrem, sinto-me feliz ao saber que serei encaminhado, meu corpo será queimado, após tanta solidão.

- Rodrigo Neves

Solução

Eis-me aqui!
Tens algo mais pra sugar de mim, ou minha vida foi o suficiente?
 Sentir-me torturado, a cada brisa de verão que corre meu corpo, transformou-se em rotina, e caminhar sem rumo, apenas mais uma leve dose de auto-destruição. 
Sinto-me incompleto!
Totalmente infeliz, subitamente desgastado, traído pelas lembranças. 
Há momentos que penso estar morto, mas o que seria a morte além da degradação total do ser? 
Gostaria de estar ali, naquele canto, caído, sangrando, morrendo aos poucos ao ouvir minha música preferida e revivendo o momento de êxtase do teu melhor sorriso! Estar morrendo ao lembrar todas aquelas feiras, de todas as palavras ditas sem pudor algum. 

Consegui te tocar, eu sei! Mas nunca toquei teu coração da forma como planejei.
Eis-me aqui! 
Permaneço fugindo de mim mesmo, com medo ao olhar meu reflexo vazio no espelho e lembrar daquele fim de semana que você sabe bem. Continuo a fugir, indo cada passo mais além, mas sei que nunca serei capaz de me esconder da data gravada em minha pele. 
Sinto-me infinito, no entanto, sinto-me nada. Procurei nos livros encontrar você! Nas poesias, nas músicas, nos meus rabiscos, mas teu esconderijo é secreto demais, é maior do que tuas confidências me deixam enxergar, é mais distante que meus pés podem andar. 

O oxigênio diminui, a pressão cai aos poucos, santa sensação de frieza! nada mais importa, vou fechar a porta, e apagar os vestígios de minha existência antes de partir.

- Rodrigo Neves

domingo, 25 de novembro de 2012

O Gosto da Saudade


Pra sempre! 
Foram as palavras que saíram vagarosa e deliciosamente de sua boca, rasgando teus lábios que colavam nos meus.
Triste receber notícias, por um amigo, de que você "não queria" sair da minha vida
Mas o que eu poderia fazer, apertar-te com tanta força quanto faço com meu coração, com o poder de minha mente? ou simplesmente mostrar-te lágrimas que escorriam pelo meu rosto durante o acontecido?
Sinto-me mais incompleto que antes, e sentir sua falta é inevitável.

Permaneço aqui, deitado, imóvel, sentindo teu cheiro em cada inspirar.
Deslizando meus dedos pelos meus cabelos, como você costumava fazer.
Onde está todo o fervor prometido previamente? Onde está o amor? Onde estão as juras e todas as trocas de carinho que vieram a acontecer?

Continuo sem saber onde escondeu meus sorrisos, meus olhos cerrados ao deitarmos depois de um dia cansativo, as juras e as palavras de amor. Pergunto-lhe, Como pode ser tão fria, após enfeitiçar-me com tua alegria, após matar meu pudor? Explique-se! Onde estão nossos abraços, nossos beijos e amassos, Onde está o meu amor?

- Rodrigo Neves

Resta nada



Saí novamente por aquela porta.
Acendi um cigarro, e com aquela sensação de vazio, a falta de ar e os olhos vermelhos, deixei de ter fé.
Andei ruas, avenidas, passei por esquinas, bares, casas.
Ao som daquela música que te fazia sorrir eu andei.
Andei sem fadiga, sem vontade de retornar. 
Procurei pelo teu semblante em cada esquina, cada pedestre, cada nuvem, cada passo, cada flor.
Tentei não assimilar os fatos, tentei fingir ser mentira, obra da ilusão.

Lembro-me de cada segundo, dos beijos roubados, daquela cama vazia e dos filmes não assistidos.
Recordações sobre meus cuidados ao te preparar um suco ou até mesmo servir-te Waffles e dizer que estava magra demais por meu gosto.
Detalhes ridículos! Tão ridículos quanto aquele horário que nunca irei me esquecer. 
6:11h, talvez a ilusão mais surreal que já tive.

Continuarei aqui, sentado nesta esquina, esperando você voltar duas quadras pra me encontrar.
Acenderei mais um cigarro e desistirei dos meus poemas, pois até a inspiração há de fugir, eu sei, eu sinto!
Porra! como fostes capaz de simplesmente abandonar o fardo? quão grande era tua fé em mim? há como explicar?
Em um lapso de memória, achei ter ouvido você dizendo que me ama, que sou seu amante, seu confidente, mas tudo na vida há uma explicação, acho que é a loucura brincando com meus sentidos novamente.

Minha voz começa a falhar, ao tentar cantar aquela oração, sua preferida, dias atrás.
Sinto falta dos teus pés frios encostados nos meus, teus beijos envolventes e teu corpo perfeito viajando no meu.
Como pôde deixar tudo se perder no tempo? Nem sei mais se te culpo ou assumo a mesma!

Terei de conviver com lembranças, te ver andando pela casa, com aquela camiseta que já lavei, aquele cheiro tão suave do teu perfume, perfume suave da menina do ponto de ônibus, pela qual me apaixonei.

- Rodrigo Neves


Resquícios

Finalmente em casa.
Mas o que há de tão errado, que faz-me sentir vazio e sem inspiração pra continuar?
Sinto-me enojado com esta situação, escondendo-me por detrás destes retratos de minha infância.
Não decidi ser assim, sincero e realista. eu poderia ter me aceito na ilusão, assim como todos presentes neste entardecer tão fatídico.
Onde estão minhas garrafas de álcool etílico, e meus cigarros? gostaria de adiantar logo esse processo, tão doloroso, como permanecer aqui.

Sua voz dizendo: "permaneça, te farei feliz" é transformada em um grito de desespero expelido por mim, fazendo com que toda a vizinhança se preocupe e se esconda em seus trajes de velório.
Estou à beira da loucura, caralho!
Nem ao menos me lembro onde guardava meus remédios, tão necessários nessa hora do dia. 

De que adianta permanecer, apenas em corpo, nessa jogada mal investida do destino?
Porra! quero meus cigarros, destruindo meus pulmões, enquanto ouço alguma música que me impulsione a fazer o pior.

Minhas lágrimas simplesmente deixaram de existir, e o bem maior, um dia previsto, torna-se meu maior desespero.
Os céus não mentem, já é hora de partir, de deixar-me à merce da sorte, assim como fiz tantas vezes, ao perder meu eu em você.

- Rodrigo Neves

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Destinos Cruzados


Difícil não amá-la, sendo tão magnífica.
Faz-me perder o ritmo de minhas baladas românticas, e sigo no meu simples cantarolar de cantigas de amor.
Você simplesmente se escondia de mim! Mas agora, meu amor, irei te manter bem perto, pra que não se perca nas veredas da vida, pra que continue aqui, ao meu lado, trazendo-me mais uma dose cavalar de felicidade aplicada em meu peito.

Quer simplicidade? EU TE AMO
Se desejas complexidade... EU TE AMO

- Rodrigo Neves


Vinte e dois do onze


Tantas feições vazias e tristes ao meu redor. Nada me completava, nunca completava, não eram capazes.
Procurei nos universos paralelos de minha mente, no traçar das estrelas, procurei até mesmo dentro de meu coração, mas nada era tão vasto de argumentos a ponto de me completar.
Uma incógnita, uma simples interrogação, um nulo, sem nexo, sem cor, sem traço.
De que vale meu andar, se cada caminho é uma dúvida diferente, cada rua um novo modo de sofrer, cada esquina uma nova decepção?
Meu agir, coagido pelo tempo, não era nada além de algo morto e sem reações.
A volúpia do existir era extinguída, a cada dia, por um mar de ofensas, despejadas do 13º andar do prédio vizinho, acabando com a totalidade de minhas esperanças.

Já ouvistes falar em prazer, doce menina? E em amor?
Acreditarias se eu sussurrasse ao teu ouvido as mais belas juras?
Seria capaz de façanhas nunca imaginadas, aqui, à mercê das circunstâncias, por mim?
Pois julgue-me, me odeie, acabe com minha existência. Ao mesmo tempo, peço-te que me ame, me beije, faça-me seu.

Na sombra da loucura ajo entre viver e desistir, e o que seria do meu ser, sem tua existência?
Seja o sorriso das minhas manhãs, os olhos cansados do meu anoitecer, a razão do sentir, do viver, do estar, do ser.
Fique! Permaneça mais algumas horas aqui, deitada ao meu lado, dizendo que me ama. 
Seja minha razão, minha sensatez, minha pele quente, com pés frios, se entrelaçando em uma tarde de verão.
Não vá embora! Estou farto de decepções e suicídios premeditados. 
Me torne melhor, me faças esquecer da solidão, faça-me vivo, faça-me feliz.

- Rodrigo Neves

Uma Só Fatia


Vida?
Difícil descrevê-la vivendo em um estado de morte.
Tão putrefata está minha carne perante tantos comentários revolucionários.
Hey! vocês! querem ver algo interessante?
*Retiro a faca, antes guardada, cuidadosamente, em meu bolso esquerdo daquela calça jeans surrada*
PREPAREM-SE! o show há de começar.

Cortando pedaço por pedaço
Retalhando aquele rosto apreciado pelas mulheres da época.
Levanto uma fatia de mim mesmo, ofereço ao público:
"Venham pegar! Bando de aproveitadores bastardos! É o máximo que terão de mim, uma simples fatia deste corpo frio e tomado por minhas mágoas e desespero!"

Enquanto o sangue jorrava aos meus joelhos, algo dentro de minha mente sussurrava: "corte o mais fundo que puder"
Será esta voz maldita o meu orgulho? ou a adrenalina do momento, e todo o sangue perdido, me fazendo perder a consciência.
Explodo em ódio e solidão, mas ao realizar-me, me mostrando maior e destruindo à mim mesmo, sem que ninguém pudesse me tocar, eis que despenco em um chão áspero e quente.
Como um último impulso de ódio, grito à todos:
"VERMES! onde houve amor um dia, dentro de mim, hoje há desprezo.
Todos morrerão perante mim pois eu irei revogar a alma de cada um aqui presente"

- Rodrigo Neves

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Doce veneno, Amargo amor

Absorvi cada reclamação e voltei-me ao espelho, tendo a sensação estranha de um fim.
Mais uma vez, meu passado e meu presente à beira de um abismo.
Não há mais nada para escutar, nada para dizer ou observar neste quarto escuro.
Tuas fotos rasgadas, defronte a meu rosto repleto de expressões melancólicas.
Continue gritando, linda garota, quero tentar ouvir, apesar das decepções.

Toda essa raiva gritante em meus olhos, não dá certeza mais absoluta! devo me retirar.

Meus poemas já não possuem sentido algum. são apenas palavras mortas, jogadas em uma folha de papel, sem possuírem nexo algum.
Dê-me um pouco mais de solidão, ou simplesmente atire-me contra a parede e tire meu fôlego.
Os destinos cruzados, antes certos, em meio a este mar de féu, não são nada mais que incertezas.

O sofrimento me conduz a morte, não só do corpo, mas a morte induzida de meus sentimentos.

A depressão venceu meus propósitos.
Tranco-me em minha caixa de papel, novamente, e volto a brincar com minhas lembranças.
Porque me fizestes tão feliz? odeio-te por instantes, e em meio a esta correnteza de lágrimas, volto a amar-te insensatamente.
Volte, linda menina, ou dê-me paz, e em um simples ato de respeito, leve flores ao meu funeral.


- Rodrigo Neves

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O acaso da insanidade


Por que eu ainda lhe espero?
Doçura já não está disponível na minha correção gramatical ao utilizar teu nome.
Sinto-me traído!
Simplesmente afoito, afogado nesse mar de rosas compradas pra você.
Milhas já não são nada, comparadas a minha saudade, ao ver teu retrato aqui, pregado em minha parede.
Onde estão meus solos de piano, preferidos, quando os procuro?
Onde está aquela roupa que ainda carrega teu cheiro?
Novamente sinto-me traído ao não obter resposta alguma.
O sono já se abstraiu e não quer me acompanhar nessa jornada.
Se alguém estiver ouvindo meu apelo, por favor, traga-me mais café.

Você me vê sangrar, mas nem ao menos pergunta o por que! nem ao menos me abraça e diz que me ama.
Você me deixa, dá dois passos largos em direção ao céu, e simplesmente esvai-se.
Faz meus sentimentos escoarem pra dentro deste ralo horroroso de pensamentos aflitos e esquecidos há um bom tempo atrás.
Só me resta acender mais um cigarro, e mentir pra mim mesmo, dizendo ser o último da noite.
Quanto tempo mais ainda terei de esperar até realmente possuir algo concreto por entre meus dedos?
Desculpe-me pelo vocabulário nada vasto, mas as palavras simplesmente esquivam ao pensar em você.

Caso algum dia você decida voltar, peço-lhe gentilmente: traga-me um copo de veneno! mas não o dividirei com você.
Prefiro deixar-te viver na solidão que um dia me causou. 
Sinto muito, mas meu adeus ecoará pela eternidade.

- Rodrigo Neves.

Meu refúgio, Minha tormenta


Ela não demonstrava preocupação.
Ao vê-la sentada no ponto de ônibus, contando com que o mesmo não se atrasasse, tudo que eu via era a Imensidão de um ser desconhecido.
Teu brilho e beleza etéreos me conquistaram! Oh! doce menina, não faça-me apaixonar por ti, não quero viver da insensatez de perdões e beijos roubados novamente.
Dia após dia, eu permaneço aqui, sentado, te olhando, revirando meu estômago em náuseas ao pensar quão doce poderia ser um beijo teu. deslizando por entre as paredes mal construídas de meus desejos e prioridades.
Aproximar-me-ei logo logo. Enquanto a coragem me falta, e a covardia é meu único refúgio, fico estático nesta esquina, fumando meu último cigarro.

Semanas se passam.
Você vem em minha direção, pede meu isqueiro emprestado, eu fico sem jeito, bobo, sem reação.
Eis que uma esperança surge, e a amargura do apenas imaginar cai por terra.
Mais alguns dias de observação.
Palavras encenadas defronte a este espelho, que não me retorna nada mais que a visão de um jovem louco e com poucos princípios, mas que ama a garota do ponto de ônibus.

Após dois dias, de reflexão extrema, deixo meu temor de lado, me aproximo e me declaro.
Pra garota do ponto de ônibus, agora sem reação, a imagem de um homem alto, dizendo apenas palavras, desperdiçadas ao relento daquele dia nublado.
A insatisfação da garota, ao saber que havia um admirador à espreita, a fez mudar sua rota. já não pega o mesmo ônibus, já não se senta naquele ponto de ônibus desgastado pelo tempo. 
E antes, o que era a amargura de um ser, torna-se uma derrota a outro.
Mais uma pessoa sem sentimentos, que me fere, me retorna ao tormento de viver.
Hey! garota do ônibus! volte, por favor!
Não me desmereças assim com tanta facilidade.

E ao ouvir a repetição da palavra "NÃO" em minha mente, eis que me levanto, percebo ter sido mais um pesadelo, e apenas mais um motivo pra me declarar. 
Me declarar pra garota mais linda que já vi.

- Rodrigo Neves.

Palavras cruzadas


Incertezas estampadas em meus olhos sem brilho me levam a crer que não há mais tanta esperança em viver. 
tudo se resume em um simples talvez.
Lembro-me daquela garrafa de whisky, por dias minha amante, no após, mais uma simples embalagem, um rótulo perante a sociedade.
É ridículo ouvir que o semblante de uma pessoa revolucionária nunca é tão empolgante quanto de um cativo qualquer.
"Dê-me algemas, quero ser "normal" também!", gritava eu perante a multidão, multidão aquela que não se importava com o hoje, mas com uma proposta de vida perfeita, que pra mim, parecia ridícula.

"Eu não dou a mínima pro teu estado de espírito, seu hipócrita covarde!", foi meu novo hino de vitória.
E assim, gritando em meio aos leões, me levantei daquele meio-fio, acendi mais um cigarro e amaldiçoei cada um deles, pra que morram engasgados com o próprio orgulho.
Contraditórias as minhas palavras em tempo de desespero mor, assim afirmavam os espectadores daquele circo.
O cenário já nem importa mais, muito menos as palavras desperdiçadas ao vento, principalmente em um lugar com uma corrente de ar tão escassa.

VIVA O FANATISMO! vocês já não me controlam mais.

- Rodrigo Neves.

A certeza de um final infeliz


Quando apaixonada, você sorria
Quando distante, não mais existia
Me drenava, ah sim, me amava
Como se não houvesse amanhã

Só eu sem você
Naquela cama vazia.

- Rodrigo Neves.

Roleta russa


E essa falta de sentimentos me consome.
As lágrimas que um dia correram pelo meu rosto, hoje são lâminas afiadas perfurando meu estado de dignidade, e transformando a felicidade, um dia esperada, em um vaso de flores murchas.
As incertezas criadas pelo acaso me mostram que toda a crendice que um dia existiu, hoje não passa de uma fonte duvidável e sem credibilidade.
Céu, inferno, já não importa mais. algo que não existe não faz falta a um servo qualquer de bandeira nenhuma.
Utopia tão indesejável quanto um buraco sem fim.
Dinheiro e sorrisos desperdiçados ao luar de uma noite infinita, que com suas aparições, transforma o estado de espírito de qualquer mero mortal, assim como eu.
Vivendo entre a cruz e a espada de meus pensamentos, esquivando de tudo que um dia foi palpável, fecho o cadeado destes portões envelhecidos e esquecidos no tempo.
E o coração, citado com tanta esperança pela humanidade, volta a ser apenas uma parte de mim, e não algo a ser doado sem finalidade alguma, senão sofrer.

- Rodrigo Neves.

Fatalidades de uma madrugada qualquer

Parar no tempo.
Sorrir ao ver teus sorrisos, sonhar com juras, que em esperança, creio que um dia virão.
Doloroso o processo de despedida, dia após dia, dizendo um mísero: "tchau".
Quero que fique aqui! do meu lado!
Quero carícia, quero amor, quero entrega.
Quero você, minha xícara de café quente e minha música preferida.
Quero ouvir: "eu te amo", "eu te quero".
Quero ouvir: "sinto sua falta" mesmo que eu esteja ali, na cozinha, preparando mais um prato de comida congelada pra passar a noite.
Mais uma madrugada vêm, e eu continuo aqui, trago após trago, olhando pra janela.
Reflito, vejo os minutos passando como um trem bala!
Vejo sua foto, sinto-me tão longe, mas não a ponto de desistir.
Continuo cantando, lembrando do teu semblante.
Insisto, mesmo quase sem esperanças, e no simples ato de pestanejar, continuo com a mesma dúvida: "você ainda vem?".

- Rodrigo Neves.

Aquele móvel frio


Sua falta de interesse nas arestas me fez perder a atenção pelo todo.
formas e figuras que um dia se completavam, hoje não passam de meros traços em uma folha rasgada.
e o que um dia foi sua inspiração, hoje é esquecido.
o traçado perfeito cria um vão. a cor, antes forte, já não passa de um mero borrão.
As letras que formavam nossos nomes em meio à este arco-íris de palavras obsoletas, hoje são trocadas por números e marcas de borracha de segunda mão.
O móvel que um dia possuiu nosso cheiro, nossos fios de cabelo e nossas noites de amor, hoje é apenas um emaranhado de tecido e madeira, deixando solidão e lembranças dolorosas neste quarto.
A voz, antes minha inspiração, se transforma em um eco, que segue pela eternidade gritando. gritando, gritando, gritando, dizendo adeus.
uma única e última vez irei ouvi-la em desespero, chamando meu nome nesta madrugada fria.
Oh céus, dê-me solidão! dê-me um pouco menos dela e um pouco mais de mim mesmo.
Traga-me a inspiração que um dia existiu. traga-me mais de mim, em uma bandeja com laços de fita amarrados nas arestas! pra que algum dia eu me interesse pelo todo novamente.

- Rodrigo Neves.