quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Pó e Cinzas

Enrolei o papel sujo e úmido, o introduzi em minha narina esquerda, segui os rastros deixados pelos demônios mais infames, em cima daquela mesa.
Em questão de segundos, minha visão tornou-se abstrata, obtive uma cura rápida e indolor para meus problemas. Escondido ali, afoito, com medo dos passos e das vozes, com meu reflexo pálido, no chão reluzente e bem encerado, eu tremia.
Onde está você, irmão? Preciso de ti.
Continuo esperando aqui, encaixotado dentro de meus maiores medos, trancafiado em uma jaula repleta de sofrimento e sangue. Salve-me! eu lhe peço com fervor, encarecidamente, aos prantos, salve-me!  Antes que seja tarde demais, antes que a pele branca torne-se apenas carne putrefata.
Salve-me!
Eu caí, mas esperarei ansiosamente aqui, dentro desta vala suja e repleta de corpos, pela tua ajuda.
Salve-me! Meu irmão.

- Rodrigo Neves

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