segunda-feira, 25 de novembro de 2019

As divinas memórias de um homem qualquer

Não trago flores, nem bons conselhos
Trago no olhar várias lembranças, em meio a sorrisos curtos e fumaça no peito
Quem era eu, em um passado nem tão distante? Nada além de um pensamento, à mercê do marasmo dos fios dos seus cabelos, em meio ao vento e a solidão do tempo.

Quantas histórias, ah!
Conheci a ternura e o relento, conheci a bondade, a maldade, a doçura e o esquecimento
Aprendi sobre feiticeiras, sereias e notas soltas em uma canção inacabada
Conheci uma família, doses de afeto e carinho, mas também conheci a solidão da estrada.

Conheci alma penada, o mal que não morre e a bondade que não tarda, aprendi a amar, aprendi a odiar, aprendi a falhar em palavras mal faladas
Eu amei o ego, a humildade, meu lado altruísta e o sonhador, sonhei com justiça , pijamas de listra, com fascínio que não gera dor.

Eu me fiz com rimas, nasci poeta
Desvendando a miséria e a unindo ao luxo que me dei nessas palavras incertas
Os laços que me amam são como um nó mal dado em uma gravata, sufocando e me embalando nesse abismo de frases largas.

- R. Ferreira


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Nuvens e um coração vazio

Não saber o próximo passo é a pior sensação a se sentir
Hora lá, hora aqui
Sem teu abraço pra substituir a dor que queima incessantemente meu peito
É ilusão ou a vida se tornou um palco de horrores e sofrimento?
Será que o "pós" é menos traumatico que esse momento em que escrevo?

Dias duros demais
Palavras que rasgam 
Atitudes que drenam
Saudade que mata enquanto fico preso em mais uma sessão de terapia com meu eu

Já não acredito em finais felizes
Não observo mais o céu com alegria no olhar
Não sinto o mesmo vigor, somente dor, desde que você teve, novamente, que voar.

- Rodrigo Neves

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Espera

Horas a fio
O ponteiro mortal do relógio enlouquece minha mente

Não aguento mais
Estou no meio de um surto psicótico
Enquanto o ócio preenche minhas veias e os cortes seguem mais fundo
Linhas, traços, seu nome em meu peito, rasgado.

Não sei mais como agir
A solidão é mais afável?
Saudade ingrata
Solidão insensata

Trocado, novamente, por sorrisos falsos e vinhos caros
Novamente aos prantos, enquanto você voa alto
Enquanto eu arrasto os pés pela calçada dessa casa assombrada

Eu, meus trapos, meus rabiscos e a falta de vontade
Eu, meu desespero, minha solidez e maldade
Eu, esperando, novamente, a destruição da minha existência.

- Rodrigo Neves

sábado, 2 de fevereiro de 2019

Restos

O golpe, crucial
Será o final?

O início de uma trajetória ou apenas o fim?
Enquanto namoro as facas da gaveta
Enquanto permaneço jogado à sarjeta

Eu imploro, grito e continuo implorando por misericórdia

Pra onde foram meus sorrisos?
Onde estão meus dentes amarelos e mal cuidados?

Ironia ou realidade?

Sinto o peso fatal da cobrança

O machado que separa minha cabeça do corpo
Enquanto urro como um animal, aos prantos

Dor inigualável

Submisso à tristeza e depressão, me entrego

Estou aqui, santa morte
Busque meus restos, querida
A alma já partiu, sem volta, pro inferno.

- Rodrigo Neves



Carta suicida

Diante todo álcool, drogas e bebidas que tive que ingerir pra te esquecer, por um segundo

Só me resta uma pergunta:
"Meu suor de morte não te incomoda?"

Todas as voltas que dei nesse quarteirão 
Esperando encontrar teu carro virando à esquina

Toda a tristeza que ingeri, feito cocaína

Isso não te afeta?

Diante dos fatos, distância, abraços que acabam antes mesmo de acontecer

Sentenças obscuras do meu eu, um eterno breu

Morrendo em cada pensamento, oh desgraçado momento intenso que destrói cada órgão em um ritual de depreciação e ódio do meu eu

Vale realmente o peso da dúvida, tristeza súbita, vale mesmo cada manhã sozinho?

Vale mesmo estar à cada segundo torcendo pra morrer?

Vale não respirar meu eu e só pensar em te perder?

Vale o peso? O acerto, a porra do peso dos erros

Vale viver sem força e apoio? 
Vale viver longe, sem consolo?

Vale viver sozinho onde tudo que vejo é morte?
Vale a certeza da falta de sorte?

Vale viver pra te perder?
Diante de toda dor...
Respiro fundo e ao vomitar resquícios dos meus rins eu grito:
"Morro ou espero você?"

- Rodrigo Neves



sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Convicção

Uma quantidade imensurável de boa fé
De pressentimentos bons e esperança

Um olhar analítico, traçado empírico
Julgando o caminho

Os passos contados, contato ao mundo
A carteira do avesso, sorriso espesso ao viver cada segundo

Os bolsos rasgados
Conforto redobrado
Ao saber que se abandona o todo mas seu tudo está ao lado

Um estalo de consciência
Um toque de convicção
De sorrir e manter perto quem te estende sempre a mão

Uma história embasada em amor e vontade
Contraste de realidade
Uma história de saudade
De saber pra quem voltar.

- Rodrigo Neves



quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Dona

Você rasga meu peito com teu olhar sorridente
Com tua boca macia e sorriso meigo
Com teu toque quente, pedindo por socorro, em desespero

Sua voz soa como minha canção preferida
Teu choro, triste chaga, desestabiliza minha vida

São anos, momentos, experiências
Desafios, tormentos e toda nossa essência

Dias que eu mudaria por completo ao voltar no tempo

Palavras que não diria ou ousaria dizer dobrado
Atitudes a não serem repetidas
Pedidos que não deveriam ter sido evitados

Em meio ao vazio
Sentimento hora quente, hora frio

Seja minha dona, maltrata meus medos sem piedade
Deixe-me ser teu dono, teu escravo, teu servo e teu amado
Deixe-me te trazer o prazer de saborear a vida 
Sem medo ou tristeza nos apaixonarmos, um pelo outro, dia após dia, até o fim de nossas vidas

- Rodrigo Neves


Janeiro sem fim

Os mesmos olhos que te viram sorrir naquela sexta-feira assombrada
O mesmo sorriso que te coagiu em cada madrugada
Deixo-me aqui, refém de ti, jogado à beira da calçada

Sem motivo pra viver
Sem maturidade pra entender

Deixo-me sucumbir
Com tudo que prometi a ti
O peso que me fez desistir da felicidade mal amada

- Rodrigo Neves


Covardia

Usou da minha fúria e partida como uma escada sem bloqueio e fim
Subiu ao mais alto que pôde
Jogou-se sem pudor, ao colo dos erros que cometi

Engoliu cada jura, cada promessa
Cuspiu em minha face, em controvérsia a tudo o que disse ter sido feito por mim.

Covardia!

Usa da tua própria desgraça como minha culpa
Do teu choro como minha agressão
Da tua ida como minha imperfeição

Assombra meu eu, como em todos esses anos que se passaram
Desista, insista, me mate dolorosamente com tua faca afiada daquele faqueiro azul

Eu aguardo deitado, de pescoço esticado, esperando o acariciar da tua lâmina.

- Rodrigo Neves


quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Porto

Na encosta do teu mar formei meu porto

Enquanto grito às tuas ondas que me afogam e salgam meu corpo

Sobre o vento que rasga meus braços enquanto seguro nas rochas da tua extensão

As pontas que atravessam e os espinhos que perfuram minhas mãos

Como não olhar aos céus, se seu sorriso de mel envolto pela magnitude dos raios de sol me abraça?

Entrego-me de corpo e alma

Naufragando a teu favor, alimentando-me do teu amor

Nas encostas desse mar, o teu mar
O teu toque e pestanejar de olhos
Quanto as nuvens carregadas encobrem o céu de algodão
Enquanto não houver esperança nem resolução

Absorvido pela tua natureza

Coagido por tua beleza

Sinto-me parte da tua fraqueza, da mais profunda grandeza, alimentando tua franqueza em cada passo
Nas rochas, diluindo minha carne em cada abraço

Jogado contra os fatos, o grito da chuva me chama
Atordoado, aos teus corais me deixo diluir, em um grito abafado, conforto dobrado, deixa-me ir.

- Rodrigo Neves



Desistência

É chegada a hora do desespero
Lembrar teu semblante, distante, corrói meu peito

A fraqueza e a falta de ar consomem o ambiente
Sinto-me o chão pisado, o orgulho arrependido, a chaga que nunca cura, o mais rebelde coração demente

Ao espelho as mesmas frases
Reforça-te em mim, desgraça
Nada resta, nada passa, meu sorriso sem graça

A nada dei graças, a tudo se mata

Não direi adeus, como sempre quis
Irei apenas esquecer meu próprio nome
Matar minha história e sonhos
Ser o abatedouro de tudo que é feliz 

- Rodrigo Neves


terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Anne

Branca como a neve, como haveria de ser
Olhos claros condizentes com a esperança

Haveria mais bela lembrança?

O destino afasta os traços, os toques, a nitidez da feição
A esperança une a vontade, saudade, reflexão.

Teus cachos claros dignos de um poema
Tua mão pequena, ah, peralta, meu dilema!

Enquanto rabisca as paredes recheando meu mundo com a chama da calma
Fazendo minhas mãos, trêmulas, serem reavaliadas

Costumes, vícios, cada cicatriz abandonada após tua primeira palavra

Quando olha em meus olhos, fixamente, floresce tons de branco e lilás por toda a casa
Teu olhar de mel, teu exalar de rosas.

Sinto, pequena!
Sinto não ter te mantido à distância de um colo
Não ter existido em tuas memórias
Hoje apenas sobrevivo
Senti, sem ti, o que é não sentir nada. 

- Rodrigo Neves


A outra face

Seu sorriso foi minha inspiração
Em meu olhar atordoado de dor, a brisa quente no verão
Fez adoecer meu coração, banhado em saudade, encarando a realidade, me alimentando de solidão

Esperei rever teu semblante naquela esquina
Enquanto cansado me dirigia ao lar, seguindo os rastros do teu perfume e me aliciando a olhar tua janela

Fostes, desde sempre, a mais bela
As cores da minha aquarela
O sorriso no mar que meu corpo navega cansado
És a ferida que sangrou incessantemente em felicidade
Que drenou cada impulso suicida, calmamente com seu toque e suavidade

Te faço cada junção de letras em homenagem, enquanto meu coração bate mais lentamente em meio aos solos desse blues assassino
Dança comigo? 

Peço pela última vez o afago do acaso, como um vaso quebrado esperando pelo olhar do artista
Sigo cada verso suicida deixado pelas tuas mãos.

- Rodrigo Neves


Amputado

Mesmo eu, ares diferentes
Em meio aos arranha-céus
Sabor de fel, escorre o mel por entre meus dedos

A doçura aqui, antes presente, dá lugar ao agir incoerente e uma mala de erros
Rasgo os papéis, antes dispostos frente à frente, alinhados com zelo

Um pouco de ternura envolvendo o lixo de textos amassados
Brilho e vento, avivamento do clima do ar respirado nesse quarto
Sinto o incômodo, o desesperado troncho, o desprazer do espelho em meio a um mar de desgosto

Lençóis amassados, um travesseiro intocado
De rosto colado
Eu e meu desejo por nada

- Rodrigo Neves



Fechadura

Eu poderia morrer de felicidade ao te ouvir bater em minha porta, mas decidi me esconder
Estou aqui no mesmo lugar de sempre, escondido no seu subconsciente
Carregando toda a saudade que aqui se faz 

Destruindo cada resquício sobrevivente desse fogo que tanto me queima
Não teima, aceita meu fardo, leia minha carta de despedida enquanto chora
É chegada a hora da minha partida.

Inspira do meu ultimo suspiro
Guarde com pesar a sensação da minha ida
Lembre dos meus olhos, cheios de lágrimas, nos momentos de desespero e ira

Enquanto saio pela porta, levo teu perfume pra longe, sensação de morte súbita, pra quem tanto se esconde.

- Rodrigo Neves



O lado frio da saudade

Entreguei minha frieza, adornada, junto a minha insegurança e medos
À margem da sorte, o pulso sangrando e meus receios

A voz não sai
Não posso voltar atrás
Saudade, falta de vontade e mais ainda de paz.

Tuas asas, majestosas, ofuscam minha visão ao levantar voo
Cada dia se torna mais massante e longo
Desfruto da ira, da fome retaliada e falta de sono

Folhas de outono que caem como bombas
O calor que derrete minha pele no verão
No inverno morro com o coração congelado
Primavera repleta de lágrimas que se vão, em vão.

O rio que corre dentro do peito
Sangue e trejeitos
Insosso e sem jeito
Meu gosto e defeito
Meus traços mal feitos

À solidão perco quase que totalmente meu lado racional
Jogo as frases, sem medo, cada letra é crucial
Tentando alcançar o céu, jogando no papel todo meu sangue e emocional.

- Rodrigo Neves


segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Três

Num mundo de falsos amores, flores não têm cor
Me entrego às dores do óbvio, contexto sólido pra quem sofre de amor.

- Rodrigo Neves



Sólido, só lido, solidão

Na escuridão do caminho, perdi a certeza dos meus passos
Desatentos, Sem ritmo

Descompassado aos olhos que me guiam
O horizonte é impalpável, assim como a certeza da sorte tangível
Assim como os abraços distantes e os amores frios

Frio, tanto quanto, quem eu era
O sorriso morto naquele inverno, vivenciando o inferno, sem conforto pra outra primavera

Nova era
Nova aurora
As velas queimam como antes
O toque distante, relevante, constante, inexistente

Tudo igual, mesmos semblantes sem vida, à fila do mercado
O desconforto instalado, o caos que rima com a morbidez que ajo
Permaneci aqui jogado
Abandonado e esquecido
Sobrevivendo, por mais um trago, às farpas do teu peito assassino.

- Rodrigo Neves


És tudo

Pegue meu corpo e arremesse contra teus medos

Me jogue à força contra teus pesadelos

Costura minha carne de fronte à tudo que te atinge

Rasga minha pele pra te proteger do sol

Quebra meus ossos pra te fazer morada

Use cada pedaço com ferocidade e não tenha medo de me machucar ao acabar com cada gota de sangue presente em mim, porque tudo que fiz, desde nosso primeiro encontro de olhares, foi zelar pela tua felicidade.

- Rodrigo Neves


Te sinto aqui

Solidão
Mesmo aqui, em tuas mãos
Onde o perdão vêm carregado de lágrimas e um coro de anjos, sinto-me fraco

À reação do óbvio, Fluoroacetato de sódio
Onde o sol não toca e sobrevive o ócio
Sinto a revolução depressiva do meu ser

O amor é lindo, regado à vinhos e sorrisos tristes
Uma vida que sonhei, sonho, mas não resiste
A distância que me ataca
A tristeza que me mata
Um abraço, ácido, mais nada.

Resta esperar para que a vida venha-me de encontro
Seus sorrisos me deixem menos rancoroso
Espero carícias e um beijo longo
Aguardo teu semblante, de novo e de novo
Ao meu colo, revigora meu âmago
Cria em mim novos planos

Seus cabelos cor de fogo ainda assombrarão meus sonhos, em manhãs de sono delongado, prazer imensurável
Serei pra sempre escravo do toque que não me alcança

- Rodrigo Neves



quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Toc, Toc, T...

Relutância
Um pingo de fogo em cada uma das íris dos meus olhos que vêem a falta de concordância e nexo em cada passagem
Cada poema em vão
Cada rima mal feita
Eu quero a perfeição
Quero eleger cada um como o mais puro de todos
Quero sangrar as mãos enquanto escrevo e sigo os solos de violino mais mortais já tocados
Eu quero adrenalina!
Quero fugir da prisão mental da rotina
Quero velas se apagando uma após a outra em sequência
Quero o peito rasgado ao escrever cada sentença
Eu preciso de motivos que não saem da mente
Não voam, simplesmente, pra própria sobrevivência
Eles mantém raízes no mais profundo dos meus sentidos
Me controlam enquanto me desossam nesse ritual calmo e delongado

Eu quero morrer! Eu quero destruir cada pedaço de pele e vida que existe aqui, mas antes...
Antes disso quero deixar lembranças no poema mais mortal que já escrevi.

- Rodrigo Neves

Vidas passadas

Já vivi tudo isso
Nosso fim, nosso início

Nossos reencontros em meio ao furor de uma paixão avassaladora
Me amou como seu rei, queimou minha carne na masmorra

Já morri em seus braços
Já fui teu dono e teu escravo

Já disse que te amo enquanto meu coração era massacrado pelas tuas mãos
Já fugi de ti ao ouvir tua boca entoar a mais bela canção

Já morri de amores por ti
Já deixei a raiva falar mais alto
Passei noites sem dormir olhando nosso retrato

Já pensei menos em mim, e assim, te mantive à nenhuma distância 
É amor desde a adolescência e em outra vida desde a infância

Te perdi pro mundo, pra eu mesmo, pra outro alguém
Te ganhei, te amei, sem ti, amor, não sou ninguém

E tudo que hoje sei depende do teu abraço
Teu calor, teu carinho, sem ti eu perco o compasso


Sentir, sem ti, não é sentir
O existir existe sem eu conseguir sorrir
Noites fatídicas brincando com a sorte e tentando alcançar o fim, no entanto, aos prantos, só quero você pra mim.

- Rodrigo Neves

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Sabor

Degustando cada palavra de ódio, sobrevivo
Em meio aos percalços de uma rotina qualquer
Sem qualquer relutância ao que me vêm de encontro
Aceito a morte
Descarto a sorte
Mais um dia vazio que chega ao seu doloroso início
Só mais uma certeza de que não quero permanecer aqui.


- Rodrigo Neves

Despedida

Estás liberta, princesa
Encontre tua paz em outro abraço
Em um lindo pôr do sol, à beira de um lago qualquer


Desvia a tua face
Não és minha! mulher.
E como se nunca te amaste
rasgue meus sonhos, como bem quiser.

Escrava do desejo 
Sufocando, aos beijos, deliciando-se ao prazer da tua vontade
Esperando cada noite pela entrega à insanidade
Anseia pela destruição das tuas lembranças
Pela busca incessante, em meio ao orgasmo que renova teu semblante, por mais esperança.



Pausa.
Respira
Enterre nossos planos.
Mata minha vontade, sou descartável
...lembra?
Jogue-me ao fogo
...faça do meu corpo apenas uma oferenda.

Deixe-me seguir
Em meio aos arbustos espinhosos e gritos de agonia
O caminho mais doloroso e longo que já tracei
Sem medo, aos prantos, arrependido.


Fui teu abrigo, teu sorriso, o teu mais suave suspiro, fui teu homem, teu menino, tua força 

fui tua vontade louca, tua vida e teu martírio
Ao lembrar de cada passo
Provo o meu próprio sangue envolto em devaneios,
Mato-me por inteiro

Vivendo irracionalmente na loucura e insensatez
Deixo-me sem respirar ao nascer do sol, em busca da luz do teu farol, me suicido sem receio.


Ah, maldito momento de fraqueza!
Mais um espelho quebrado enquanto afundo o rosto na pia branca transbordando sangue e água

Mais uma noite de morte
Uma última valsa assombrada
Sobrevivo à dança dos cortes
Cheio de cicatrizes e alma dilacerada

Abandonei minhas esperanças, sinto-me impotente
e como em um choro incessante de criança, vivendo essa mudança
Perdi meu sorriso eternamente.

- Rodrigo Neves

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Marasmo

Ah, tamanha vastidão do universo!
Me coloco à tua disposição
Seja em pensamento, um eterno tormento
Correrei por tuas mãos, farei-me amigo do teu colo
Gritarei ao teu nu como ao meu
Esperarei sentado, amarrado e amordaçado
O fim do sarcasmo
Das ondas desse eterno marasmo
Tomarei como um último orgasmo o meu eterno cerrar de olhos.

 Rodrigo Neves

Desespero


Sobrevivendo no inferno, faço-me abrigo
dos meus mais suaves desesperos, do choro contido
Faz-se luz à sombra dos meus pés, nada que realmente haja valia
Um terno engomado
Futuro roubado
Demasiada destrutiva euforia

Uma dança lenta defronte o espelho, os pulsos tingidos enquanto pingam ao chão batido
*As batidas do coração se contêm
Abrigo? Ilusão? Qual o sentido?
Nada sobrevive aqui nas entrelinhas dos meus pensamentos

Passeios e tempo perdido
Por que perdestes toda a ternura ao estar comigo?
Os beijos roubados sem sentido
O sádico e dócil castigo

A alma pura que se auto-mutila
O sorriso que se esvai e perde a grandeza
A saudade que mata meus anseios e a realidade em surtos de auto-avaliação e repentina tristeza 
Momentos em vão, enquanto apunhalo novamente meu coração, quanta saudade da solidão
que tanto me confortava.

- Rodrigo Neves

Sobrepor


Dois maços, uma história
Algumas lembranças e um choro incessante
Como deixar de sentir?
Como abandonar os planos recém realizados e a plena felicidade falsa criada por entre meus sorrisos em vão?
Incertezas, dúvida plena!
Escorre o ódio e se cria a ilusão de um afago.

Mais uma noite aqui, sem você em mim
Sem nada pra me manter vivo, novamente.

- Rodrigo Neves