sábado, 2 de fevereiro de 2019

Carta suicida

Diante todo álcool, drogas e bebidas que tive que ingerir pra te esquecer, por um segundo

Só me resta uma pergunta:
"Meu suor de morte não te incomoda?"

Todas as voltas que dei nesse quarteirão 
Esperando encontrar teu carro virando à esquina

Toda a tristeza que ingeri, feito cocaína

Isso não te afeta?

Diante dos fatos, distância, abraços que acabam antes mesmo de acontecer

Sentenças obscuras do meu eu, um eterno breu

Morrendo em cada pensamento, oh desgraçado momento intenso que destrói cada órgão em um ritual de depreciação e ódio do meu eu

Vale realmente o peso da dúvida, tristeza súbita, vale mesmo cada manhã sozinho?

Vale mesmo estar à cada segundo torcendo pra morrer?

Vale não respirar meu eu e só pensar em te perder?

Vale o peso? O acerto, a porra do peso dos erros

Vale viver sem força e apoio? 
Vale viver longe, sem consolo?

Vale viver sozinho onde tudo que vejo é morte?
Vale a certeza da falta de sorte?

Vale viver pra te perder?
Diante de toda dor...
Respiro fundo e ao vomitar resquícios dos meus rins eu grito:
"Morro ou espero você?"

- Rodrigo Neves



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