quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Interrogação plena

É nessas horas que começo a me preocupar
O sol se põe, permaneço sozinho.
Por entre essas quatro paredes tanta coisa acontece, mas infelizmente não acontece nada.
Não há vento, não há ninguém, nada.

Há algo que possa mudar a situação atual, ou é um fardo que tenho de carregar dia após dia?
Tenho me enterrado nos buracos mentais mais profundos já imaginados por mim
Há explicação, ou tudo completa o pensamento que tive anos atrás?
Tantas perguntas, não há respostas.

Cantar já não é uma arma, mas um veneno
Imaginar e sonhar são meus inimigos mais fiéis, acompanham cada passo que dou
Me perco em meus planos, demasiadamente mal feitos e traçados
Simplicidade, afeto, união.

Há paz?
Há tormentas?
Onde há?
Quando, onde, por que?
Perco a razão novamente, tudo permanece intacto
As quatro paredes permanecem imóveis, e eu continuo aqui, tentando descrever o porque das coisas.

- Rodrigo Neves

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Quero

Eu quero café às 5 da manhã. Quero abraços fortes e beijos roubados. Uma cama grande e um cobertor sem pelos pra não me fazer espirrar.
Quero televisão ligada com volume no zero, quero massagem, quero sorrisos, um cachorro lambendo o meu rosto pra acordar logo depois de umas cinco pancadas no despertador, e um sorriso bobo pra te hipnotizar e te fazer voltar a dormir. 
Quero safadeza, quero amor, quero sentimento e sustância. 
Quero razão, ou não.
Quero pouca roupa, quero cerveja e um pouco de sono.
Quero sair sem hora pra voltar. 
Quero você, quero eu. 
Quero nós dois, abraçados de ponta à ponta.
Quero nossos emaranhados de sentimento criando uma fusão de calor e saudade, quero tudo isso e mais um pouco, quero gritar até ficar rouco. 

Quero sim, eu quero! 

- Rodrigo Neves

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Seria cabível

Constante
Inconstante
Restante
Distante
O sol se põe
Nada aqui resta
A alegria me falta
Com lágrimas nos olhos vejo assinaturas espalhadas pela ata
O desejo, o afago
O amor, o fim
Não há passado ou futuro
Somente há necessidade de dizer
De ao menos tentar entender
De gritar a cada manhã, que eu quero um amor que dure mais que uma tarde de domingo.

- Rodrigo Neves

domingo, 24 de novembro de 2013

Decadência

Cruzei os braços e esperei pela batida
Esperei o coração parar e secar cada gota de suor do meu corpo
Aguardei o óbvio
Semeei a ganância acima de tudo. tracei planos opostos ao meu ser
Coloquei minhas ambições acima do meu caráter

Caí, destruí o sorriso que fora cativado por tanto tempo para que não fosse mascarado
Não há facilidade no agir coeso
Não há esperança em uma vida totalmente planejada. É tão difícil alcançar o fim, mesmo que eu busque a cada manhã
Nessa insana busca pela perfeição, coagi meus desejos e cada traço de esperança riscado em minhas mãos calejadas

Trabalho, é só o que mantém vivo
Movimento em cada momento, é o que lhe peço. Aguentem pernas, aguentem o mundo que as espera!
Caminhar sem rumo tornou-se parte da minha essência
Será que procuro uma solução, ou reflito apenas para encontrar uma maneira mais fácil de destruir cada memória?
Já nem sei mais, tudo tornou-se mistério. 
Tudo que eu havia criado estava jogado, pisoteado e destruído aos teus pés.

Mal consigo imaginar o que é a felicidade. Estado de espírito ou apenas uma gargalhada forçada após uma sessão de desespero?
Permanecerei esperando pela solução, ou pela desgraça, que seja. 
Eu, mais um gole de veneno e uns cigarros amassados. 
Até o fim, assim será.

- Rodrigo Neves

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Sensualize-me

Meia-noite. Os ventos uivam à janela
Tudo sem cor, sem vida
Tudo é esquecido, e segue-se a sequência prevista dos fatos.
Mais uma noite. O calor me traz o frio. Sim, contradições me definem, no agora
E o arrepio na pele que dá
O tremor das mãos
O ranger dos dentes
O barulho
O nosso barulho!

Teu sorriso de desejo e tuas garras afiadas penetrando minha pele, enquanto celebramos a magia do calor de nossos corpos

Oh, doce menina, leva-me ao orgasmo mais profundo, novamente
Rasgue meus sonhos como fez àquela ocasião, com o bilhete que lhe dei
Lembra-se? Eu e você, naquele jantar, à luz de velas... Naquela noite te prometi minha solidão, então lembra-te com gosto!

Não esqueças-te do mel, que corria por teus lábios, colava em tua pele e matava cada pedacinho meu

Ah peste! suculenta aos olhos de quem vê, porém, venenosa e maléfica à quem te toca.
Oh amor! sonho vívido e cheio de brilho que consome minhas entranhas em mais um ritual de autodestruição, gargalhadas em vão, notas de cem enroladas e jogadas pelo quarto.

Quero tuas mãos me acariciando, julgando cada centímetro do meu corpo, em vão

Jogando-me ao mausoléu da solidão
Criando em mim uma necessidade extrema de ser amado e odiado, de ser devorado por teus olhos claros que não me expõem ideia alguma

Deixe-me sorrir, por favor, é meu último pedido

Deixe-me sorrir ao te sentir, massageando meu ego e destruindo meu futuro
Venha amor, sente-se sobre meus anseios e morda meu pescoço, quebre do meu corpo cada osso
Deixe-me com um pouquinho mais desse sabor insosso, chamado solidão.

- Rodrigo Neves

domingo, 10 de novembro de 2013

Revela-te

É como sentir-se mal por algo que nunca fez parte de você
Sentir falta de alguém que nunca lhe pertenceu, nem aos teus sonhos
É como morrer a cada dia, aos prantos, tentando entender a jogada dada, satisfatória no acaso, mas que lhe tira o sono nas últimas noites

Imaginar teus traços colados nos meus, tuas curvas deslizando por entre meus afagos

Ah, solidão! deixe-me senti-la
Deixe-me sem ti
Deixe-me sentir
Deixe-me à mim mesmo, imaginando, sonhando, tentando realizar o impossível, deitado nesta cama que me abraça e me enrola em um tufão de pensamentos ruins, seguido de pensamentos insatisfatórios à respeito da humanidade que se consome à cada segundo
Ai de mim! ai de mim sem ti, ai de ti sem mim
Ai do mundo, sem um alguém, do porque sem um porém

Sentimentos, pensamentos, tudo que me convém nos instantes de insanidade e sede
Ai de mim, te esperando aqui, deitado no chão do quarto, enquanto o sol não vem.


- Rodrigo Neves

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Tempo

E nem tuas lágrimas foram suficientes para me fazer parar
Você pediu
Você implorou
Me deu mais uma chance e mesmo assim nada feito
Tentou encaixar as peças desta quebra-cabeças sem imagem, espalhadas pela mesa

Fatídico era o dia
O beijo, doce sabor de veneno e morte que me assolariam anos após o fato
Organizei toda a bagagem, joguei ao canto esquerdo do quarto, naquela parede surrada, repleta de histórias vividas ali
Deixei as lágrimas fugirem, afinal, eu permaneceria preso, por tempo indeterminado

Eu acatei a ordem
Procurei teu semblante naquela mesma esquina que combinei de encontrar-te
Tomei o último gole
Esperei por algum tempo
E parti
Para longe, o alvo sem foco, a tentativa e a possibilidade

E eu falhei

- Rodrigo Neves

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Madrugada

Sorria, eu estou aqui
Não me deixes, lhe imploro, deixe-me permanecer

Por mais que meus atos impuros e destrutivos tenham acabado com tua esperança
Mesmo que meu sorriso amarelo acabe com tua auto-confiança
E que aquela música lhe faça chorar ao recordar de quando sorríamos feito crianças
Imploro que não me atire pedras, deixe-me permanecer em tuas lembranças.

Tua beleza estonteante, que um dia deixei fugir por entre meus dedos, permanecerá atrelada ao lado esquerdo desta escultura de carne e ossos, até o fim dos tempos.

- Rodrigo Neves

Desabafo

Pontapés me vinham de encontro à face
Facas jogadas em minha direção que rasgavam minha carne e meu orgulho em demasia
Me senti traído por meus sentidos, jogado ao relento, sem direito a um beijo de adeus.
Imaginei finais felizes demais para uma realidade tão sedenta de morte
Desejei beijos, abraços e uma tarde de verão, sentados ali, à beira do lago, colorindo os riscos do céu e nutrindo nosso desejo de paz interior.

Pensei, em meio às trocentas latas e garrafas jogadas ali no canto do quarto, quão belo seria estar ali.
Em meio aos meus maços de cigarro, amassados, busquei sabedoria 
Tentei entender o porque da distância, o porque da vontade, e o resultado foi deprimente
Apenas mais cigarros e uma gana maldita de solucionar esse gracejo da vida.

Meu grunhido não irá mais perturbar suas noites, princesa
Meus afagos e palavras ridículas não atingirão mais os teus pés
Minha barba mal feita não tocará tua pele macia, nem ferirá teu ego, muito menos teu reflexo à margem do rio
Só me resta perguntar-lhe, doçura, ainda farei parte de ti no café da manhã?

- Rodrigo Neves

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Capitalistarei

Eu permaneci ali, naquele canto, nas últimas semanas, imaginando coisas e coagindo minhas vontades
A grama molhada alcançando meus pés, abraçando minha auto-estima e quebrando paradigmas
"Mate-a! Mate-a!"
Foram as únicas palavras frescas em minha mente, ao lembrar daqueles olhos sorrindo, aquela boca repleta de sangue gritando palavras de desprezo, antes da pólvora queimar todas as minhas lembranças e alimentar a dor que eu tanto pedia.

Você se esvaiu, vagarosamente, enquanto o chão vinha de encontro à minha face
Um futuro promissor, ali, caído, em prantos, gargalhando pela desistência de outrem.
A fraqueza demonstrada nesse ambiente asfixiante e venenoso rasga minha pele, fazendo-me incapaz de suturar minha alma, novamente.
Nada sobra, nada resta, nada sobrevive, tamanha satisfação de estar face à face com a morte. tudo é sorte, reflexão e dor nesta gaiola de pessoas esquartejadas.

Lhe demonstro aqui, caro leitor, o desprazer de sentir o amor.
Tentei separar os lábios e sorrir, mas o fogo fazia cessar meus batimentos
Em um último impulso de dor, abri meu peito e vi meu interior despencar pelo reflexo da lâmina pontiaguda

Pretendo sucumbir aqui, sentado ao ar livre. ser esquecido, assim como todos sentados ao meu redor, banhados à sangue, impurezas e suor

Espero ouvir um último solo de baixo, e acompanhá-lo com minha voz desafinada
Deixar a demência dominar meu último suspiro, jogado junto aos mortos, à beira da calçada.

- Rodrigo Neves

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Insaciável

Nenhum número, drogas ou ligações
A vitrine destrói e corrompe meu ser
A fórmula perfeita criada em uma pasta destruidora de lares
O sangue escorre pelas narinas, a vida flui, o sangue seca, nada resta

Lágrimas, algumas velas e um choro inconsolável
Ali estava eu, deitado, com duas opções não tão palpáveis
A fome de carne crua abraçava meu último suspiro horas atrás, e cá estou, agora, morto.
Caído, sem ao menos ter dito o quanto te odeio, vida.

As velas se apagam, o sol se põe, todos se vão
A escuridão revoga o que prometi 
O fim chega. adeus! desgraça alheia.

- Rodrigo Neves

sábado, 11 de maio de 2013

Inocência

Quando vi o farol vindo de encontro à minha face, rejeitei
Pensei no que de mais podre havia em minha vida e segui a luz, apenas aguardando a batida
Por apenas um milésimo de segundo, perdi a visão, perdi a voz, e a reação foi algo que me faltou, subitamente

Lembranças, promessas e solidão rodearam aquela rua escura, repleta de frio e saudade
As palavras me faltam até agora, e a imagem do farol, ah, a imagem do farol me persegue
Tudo que pedi no após, foi reconhecimento, lágrimas de felicidade por continuar vivo, mas palavras não me confortaram, e a lembrança de meu corpo estirado, ali, mesmo que em pensamento, preencheu cada veia morta em meu corpo e me fez respirar o ar puro das grandes metrópoles, corrompendo meus pulmões e até mesmo meus pensamentos.

Sinto ter de lembrar, de imaginar e reviver, a cada segundo, a vinda do farol.

sábado, 9 de março de 2013

Súplica

Tentastes destruir minha vida em cada nascer do sol
Acabar com os sorrisos e motivos, até mesmo os desconhecidos

Sinto ter de dizer adeus, mas na vida, tudo passa, ou nada passa, tudo fica na memória, tudo some, tudo reaparece, tudo possui a necessidade de morrer.


- Rodrigo Neves

segunda-feira, 4 de março de 2013

Força demasiadamente forte

Folhas
Papéis amassados e distribuídos, muito longe de uniformemente, pelos quatro cantos deste quarto
Raiva, falta de destresa ao manipular a caneta, desequilíbrio mental e lágrimas seguindo as leis da física
Sinto-me vivo, porém, morto

Sabes o quanto recebe de mim, e sabe também o fervor que te odeio em cada manhã
Cigarros mal tocam meus lábios
Bebida alguma corre por minhas veias
Sinto-me limpo, mesmo com essas feridas espalhadas por todo o meu ser

Tenha ódio, despreso, e ame-me mais ainda a cada dia
Natureza morta, te anseio mais que tudo.

- Rodrigo Neves

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Superar

Santa ironia, irreversível aos olhos do teu pensamento
Desgosto extremo teu sorriso, falso e sem graça
Singelo meu olhar de ódio, mal interpretado, até mesmo por mim.
Gostaria de escorrer por teus dedos e conseguir, enfim, fugir
Fugir pra longe dos teus olhos, longe do seu toque, da sua alma
Quero simplesmente fugir, apagar tudo, todos, qualquer e toda coisa possível obtentora de lembranças.
Sei que ao ler, saberá que é pra você, ou pra mim, ou pra qualquer alma indecisa, alienada e podre
A indecisão me trouxe aqui, novamente, para suplicar, não por teu reconhecimento, mas pelo meu próprio amor
Letras que nem ao menos são borradas e mal escritas, tudo é tão simples e digital, ridículo e sem vida
Desistir não é uma opção, ao menos não agora
Resta abrir a janela, para que o cheiro de solidão saia do quarto, pra que as más lembranças saiam e sigam a brisa desse dia quente
Resta suplicar por mais, não de você, mas de mim.

- Rodrigo Neves