segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Desabafo

Pontapés me vinham de encontro à face
Facas jogadas em minha direção que rasgavam minha carne e meu orgulho em demasia
Me senti traído por meus sentidos, jogado ao relento, sem direito a um beijo de adeus.
Imaginei finais felizes demais para uma realidade tão sedenta de morte
Desejei beijos, abraços e uma tarde de verão, sentados ali, à beira do lago, colorindo os riscos do céu e nutrindo nosso desejo de paz interior.

Pensei, em meio às trocentas latas e garrafas jogadas ali no canto do quarto, quão belo seria estar ali.
Em meio aos meus maços de cigarro, amassados, busquei sabedoria 
Tentei entender o porque da distância, o porque da vontade, e o resultado foi deprimente
Apenas mais cigarros e uma gana maldita de solucionar esse gracejo da vida.

Meu grunhido não irá mais perturbar suas noites, princesa
Meus afagos e palavras ridículas não atingirão mais os teus pés
Minha barba mal feita não tocará tua pele macia, nem ferirá teu ego, muito menos teu reflexo à margem do rio
Só me resta perguntar-lhe, doçura, ainda farei parte de ti no café da manhã?

- Rodrigo Neves

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