quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Porto

Na encosta do teu mar formei meu porto

Enquanto grito às tuas ondas que me afogam e salgam meu corpo

Sobre o vento que rasga meus braços enquanto seguro nas rochas da tua extensão

As pontas que atravessam e os espinhos que perfuram minhas mãos

Como não olhar aos céus, se seu sorriso de mel envolto pela magnitude dos raios de sol me abraça?

Entrego-me de corpo e alma

Naufragando a teu favor, alimentando-me do teu amor

Nas encostas desse mar, o teu mar
O teu toque e pestanejar de olhos
Quanto as nuvens carregadas encobrem o céu de algodão
Enquanto não houver esperança nem resolução

Absorvido pela tua natureza

Coagido por tua beleza

Sinto-me parte da tua fraqueza, da mais profunda grandeza, alimentando tua franqueza em cada passo
Nas rochas, diluindo minha carne em cada abraço

Jogado contra os fatos, o grito da chuva me chama
Atordoado, aos teus corais me deixo diluir, em um grito abafado, conforto dobrado, deixa-me ir.

- Rodrigo Neves



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