quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Vegetal

Meus olhos queimam
Meu rosto quente, sintoma de febre
Dor!
Sinto você distante, mais que as fronteiras do corpo, te sinto longe em pensamento
Onde está você quando mais preciso de ti?
Mas, garota, quando entrastes no ônibus deixou cair essa receita, que me servirá de afago em meio aos cães que ladram em minha mente incessantemente:

"hidroximetilpropilcelulose, polietilenoglicol, crospovidona, dióxido de silídio coloidal, estearato de magnésio"

Em meio a multidão de novos rostos, posicionados cautelosamente dentro deste ônibus, espero que não lembre do meu semblante
Espero que não tenha esperança alguma, que não deseje me ver mais
Que sinta ódio, raiva, repulsa!
Me rasgue com tuas palavras, fiel!
Destrua-me com teus beijos amargos
Queime-me com teu corpo ardente
E após algumas horas, acaricie-me com a lâmina da faca que carregastes até aqui
Diminuirá minha dor
Acabará com teus receios
Destruirá algo perigoso e escondido dentro de mim
Algo que me intimida e me envolve em medo.
A minha vontade de viver.

- Rodrigo Neves

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