segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Vazio


Difícil não me apaixonar por este anjo, de asas tortas e pensamento vago.
Difícil não ceder e acabar morto por tal doçura infernal.
Prossegui sem meus medos, dei meu maior impulso, e sem medo da altura, muito menos da queda, atirei-me ao céu.
O infinito de sensações rasgando minha pele e transformando-me em luz, o brilho das estrelas refletindo meus maiores desejos em cada pedaço de terra que eu pudesse notar.
Teu rosto, obra divina. Tuas mãos, perdição à minha pele. Teu corpo, morada do meu ser.
Escapastes dentre meus dedos por uma ou duas investidas, deixando-me atordoado neste mar de nuvens escuras.
Onde estão tuas mãos segurando meu peito, teu amor acariciando meu anseio, tua voz diminuindo as batidas do meu coração?
Todo o ódio e solidão correntes em meu organismo cederam, tornando-me som.
Viajei por décadas, séculos, talvez até milênios, em apenas dois segundos.
Deixaste-me aqui, preso nas ferragens, fruto da devastação de minha viagem ao teu encontro.
Arritmia, náuseas, inconsciência.

Ao estalar dos dedos daquela mão, ao acender da lanterna de outrem, sinto-me feliz ao saber que serei encaminhado, meu corpo será queimado, após tanta solidão.

- Rodrigo Neves

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