domingo, 25 de novembro de 2012

Resta nada



Saí novamente por aquela porta.
Acendi um cigarro, e com aquela sensação de vazio, a falta de ar e os olhos vermelhos, deixei de ter fé.
Andei ruas, avenidas, passei por esquinas, bares, casas.
Ao som daquela música que te fazia sorrir eu andei.
Andei sem fadiga, sem vontade de retornar. 
Procurei pelo teu semblante em cada esquina, cada pedestre, cada nuvem, cada passo, cada flor.
Tentei não assimilar os fatos, tentei fingir ser mentira, obra da ilusão.

Lembro-me de cada segundo, dos beijos roubados, daquela cama vazia e dos filmes não assistidos.
Recordações sobre meus cuidados ao te preparar um suco ou até mesmo servir-te Waffles e dizer que estava magra demais por meu gosto.
Detalhes ridículos! Tão ridículos quanto aquele horário que nunca irei me esquecer. 
6:11h, talvez a ilusão mais surreal que já tive.

Continuarei aqui, sentado nesta esquina, esperando você voltar duas quadras pra me encontrar.
Acenderei mais um cigarro e desistirei dos meus poemas, pois até a inspiração há de fugir, eu sei, eu sinto!
Porra! como fostes capaz de simplesmente abandonar o fardo? quão grande era tua fé em mim? há como explicar?
Em um lapso de memória, achei ter ouvido você dizendo que me ama, que sou seu amante, seu confidente, mas tudo na vida há uma explicação, acho que é a loucura brincando com meus sentidos novamente.

Minha voz começa a falhar, ao tentar cantar aquela oração, sua preferida, dias atrás.
Sinto falta dos teus pés frios encostados nos meus, teus beijos envolventes e teu corpo perfeito viajando no meu.
Como pôde deixar tudo se perder no tempo? Nem sei mais se te culpo ou assumo a mesma!

Terei de conviver com lembranças, te ver andando pela casa, com aquela camiseta que já lavei, aquele cheiro tão suave do teu perfume, perfume suave da menina do ponto de ônibus, pela qual me apaixonei.

- Rodrigo Neves


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