terça-feira, 27 de novembro de 2012

Cianeto e Solos de Violino

Estudos, problemas, fórmulas, resoluções.
Deveriam existir tais entrelinhas em nosso caminhar?
Há algo de mais interessante logo afrente, ou terei de tomar mais uma dose de cianeto, aguardando ansiosamente o fim da existência medíocre do meu ser?
Já não sei mais se trato-me como um mero filósofo, novato por sinal, ou como um palhaço, daqueles maquiados, de picadeiro.
A persistência em errar jogou-nos em um vórtice sem fim, destruindo toda e qualquer forma de entendimento entre nossas ideologias, tempos interessantes, n'outros ridículas.
Sentir-me-ia mais feliz ao encontrar-te naquele mesmo local, com aquela mesma roupa do trabalho, de segunda a segunda, debaixo da chuva ou do sol ardente.
Mesmo com tanta igualdade, trazer-me diferente, para a vida, para a nova partida, os novos destinos e o novo caminhar.
Procuro-me mais maduro, ansiando-te nas propostas duradouras de um entardecer de domingo.
Calando cada um de teus problemas, deixando-te livre pra respirar em meus braços.

Meu pescoço ainda busca pelo teu, e minhas mãos, ao dormir, procuram entrelaçar teu dorso, encontrando teus batimentos.
Lembra quando levei tua mão de encontro ao meu coração? sinto-me assim novamente, mas não em felicidade, mas em tristeza tão profunda que marca meus olhos ao não dormir, minha mente ao não esquecer, minha história ao querer e não poder.
Reserve-me um coração, quando voltar àquela loja de penhores, peço-lhe encarecidamente!

Tão ardente o simples toque, que leva-me a loucura, trazendo efeitos alucinógenos e destrutivos à tona.
Obra de um simples talvez, ou há explicações determinadas pela metafísica?
Transcendente era sentir teu toque atravessando meus ossos e me queimando em prazer, mais difícil ainda pra assimilar, sentindo-me um objeto obsoleto, jogado junto às bonecas ou revistas em quadrinhos.

Que passe essa sensação de uma vez. 
Abstrair-me-ei dos detalhes, quem sabe assim, vendado, serei feliz perante mim mesmo.
Pare de bater, coração estúpido, já não há motivo, dúvidas ou certezas indubitáveis a serem seguidas. Nada além de crer no fim da existência humana.

- Rodrigo Neves

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