sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Vinte e dois do onze


Tantas feições vazias e tristes ao meu redor. Nada me completava, nunca completava, não eram capazes.
Procurei nos universos paralelos de minha mente, no traçar das estrelas, procurei até mesmo dentro de meu coração, mas nada era tão vasto de argumentos a ponto de me completar.
Uma incógnita, uma simples interrogação, um nulo, sem nexo, sem cor, sem traço.
De que vale meu andar, se cada caminho é uma dúvida diferente, cada rua um novo modo de sofrer, cada esquina uma nova decepção?
Meu agir, coagido pelo tempo, não era nada além de algo morto e sem reações.
A volúpia do existir era extinguída, a cada dia, por um mar de ofensas, despejadas do 13º andar do prédio vizinho, acabando com a totalidade de minhas esperanças.

Já ouvistes falar em prazer, doce menina? E em amor?
Acreditarias se eu sussurrasse ao teu ouvido as mais belas juras?
Seria capaz de façanhas nunca imaginadas, aqui, à mercê das circunstâncias, por mim?
Pois julgue-me, me odeie, acabe com minha existência. Ao mesmo tempo, peço-te que me ame, me beije, faça-me seu.

Na sombra da loucura ajo entre viver e desistir, e o que seria do meu ser, sem tua existência?
Seja o sorriso das minhas manhãs, os olhos cansados do meu anoitecer, a razão do sentir, do viver, do estar, do ser.
Fique! Permaneça mais algumas horas aqui, deitada ao meu lado, dizendo que me ama. 
Seja minha razão, minha sensatez, minha pele quente, com pés frios, se entrelaçando em uma tarde de verão.
Não vá embora! Estou farto de decepções e suicídios premeditados. 
Me torne melhor, me faças esquecer da solidão, faça-me vivo, faça-me feliz.

- Rodrigo Neves

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